A Morte de Antoninho da Rocha Marmo

19 de dezembro de 1930, dois dias antes da morte de Antoninho, como última prova de seu esforço, quis organizar o seu presépio, a fim de que Jesus Menino o viesse buscar para o Natal do Paraíso.

Sua mãe vendo-o assim e não se conformando com aquela grande dedicação devido à sua saúde frágil, levou-o para a cama a fim de que repousasse um pouco.

Em obediência à sua mãe, deitou-se para jamais se erguer novamente.

Dia 20 de dezembro, pela manhã, a carinhosa Superiora da Santa Casa de Misericórdia sabendo que Antoninho estava mal, foi visitá-lo. Aproximando-se do leito, perguntou-lhe:
"Antoninho, você quer receber hoje Jesus e seus Santos Sacramentos?"
"É esse o meu maior desejo", respondeu-lhe Antoninho.

Solicitada a presença do Frei Angelo de Rezende, que foi apressadamente, armaram um altarzinho, trouxeram lindas flores. Ele mesmo da cama dirigia a ornamentação.

O Frei administrou-lhe o Santo Viático e a Extrema Unção, dando-lhe, por fim, a bênção pontifícia. Antoninho, de mãos postas junto ao peito, olhos fechados, passou doces momentos dialogando com Jesus. Como demorava em sua oração, Frei Angelo achava que Antoninho já tivesse partido para o Céu. Tocou-lhe levemente no ombro e Antoninho abrindo os olhos, disse-lhe: "Estou rendendo graças a Deus!"

Antoninho chamando sua mãe, pediu-lhe que providenciasse um automóvel para levar Frei Angelo mas que não o deixasse ir sem antes tomar uma xícara de café bem gostoso. Em dado momento pediu um pouco de água e depois disse:
"Que linda estrada...atapetada de flores...como são belas!...
Quantos anjos! Olha, minha mãe,
alguns tocam...outros sorriem!...
Convidam-me para acompanhá-los... Que belo cortejo!...
Eu vou, mamãe...Vou...sim...
Vejo um clarão!...
Um vulto se aproxima!...
Olha, mamãe...é meu vovôzinho...o pai da senhora!...

Dia 21 de dezembro amanhecera lindo.
Antoninho chamou seu pai. Vendo-o acabrunhado, disse-lhe: "Não quero que chore...vá barbear-se" o pobre homem animando-se, foi satisfazer aquele desejo de seu querido filho, retornando logo depois para junto dele.

Antoninho vendo-o retornar, exclamou muito contente: "Agora sim".
No quarto sobre a escrivaninha estava a imagem de Santo Antonio.
Antoninho pediu a uma parenta que fosse comprar dois castiçais.

Vendo os objetos, não se agradou e pediu para que fossem trocados por outros mais valiosos, Antoninho exclamou: "Agora sim! Santo Antonio merecia coisa melhor!"

Pedindo que acendessem duas velas e as pusessem como homenagem ao seu Santo, explicou: "Antes que as velas se consumam, eu estarei no Céu!"

Dito isso, entrou em agonia...lenta...dolorosa... De vez em quando dizia: Estou cansado...preciso repousar... Seus olhos já não viam, mas não se despregavam dos entes queridos que iriam ficar na mais cruel desolação. Deixou escorrer pela face suas últimas e sentidas lágrimas.

Antoninho erguendo a face num derradeiro esforço, a todos ofereceu um belo sorriso...Depois um ligeiro tremor de lábios, sua última expressão de vida! Nesse instante envolvera-o um círculo de significante e surpreendente luz, disseram os que estavam mais próximos dele.
Estava morto! Eram 23 horas e 30 minutos.

 

Agradecimentos: Padre Olegário da Silva Barata